cadê o céu?

Pergunta fácil, até óbvia?
Depende.

Dentro de "cadê o céu?" está a pergunta "cadê o ócio?".

Para conversar com as pessoas que vivem a cidade criamos um cartaz sobre este assunto. Você pode baixá-lo, alterá-lo, colori-lo e colá-lo onde quiser. O cartaz tem um QR-CODE no canto superior esquerdo. É um código bidimensional, como um código de barras. Se você fotografar este código do cartaz com seu celular e tiver baixado um programinha ele abre alguma informação relacionada.
Para baixar um leitor de QR-CODES acesse http://www.i-nigma.mobi/ com seu celular. No site você faz o download automaticamente do aplicativo e pode fotografar qualquer QR-CODE e acessar as informações contidas nele. Experimente fotografar o QR-CODE dos nossos cartazes na sua cidade.
E, claro, responda "cadê o céu?".

p.s.: se colar algum cartaz envie uma foto pra gente.

Multigrafias - intervenção urbana FOZ DO IGUACU

Primeiro andar, depois voar.






Centro de Foz do Iguaçu.
Natal, 2008.

Texto: Gabriela Canale.
Ilustração: Vital Lordelo.
Interferências: Margareth Miola e Marina Canale









intervenção na cidade PORTO ALEGRE

Para melhor visualização clique na imagem

Cidade Baixa Porto Alegre -RS - Brasil
texto de Gabriela Canale
Ilustração Vital Lordelo

PALAVRAIMAGEM - O encontro entre estações

Foto: Gabriela Canale

Passou toda viagem de trem procurando sinais da primavera, observando atentamente pela janela as bases dos muros que protegiam a linha férrea e além dos muros, até onde a vista alcançava, e tudo que conseguiu ver foram árvores secas, mato alto, o cinza comum, vermelho barro e o rosa dos tapumes de uma invasão desenfreada, que cresce dia após dia, com sentido e rumo a capital. Nada havia mudado naquele inicio de primavera
Naquela manhã o vagão estava lotado, restavam ainda quatro estações até seu desembarque, cansando da mesmice de todo dia, fechou os olhos e ficou a ouvir a máquina que avançava sobre o trilho e a sentir a brisa que vinha da janela...
O maquinista anuncia à quinta estação, alheio a tudo, continua de olhos fechados, ainda lhe restavam três estações, sabendo da rotina dos passageiros, acreditava que abrindo os olhos com certeza algumas pessoas ele conheceria de vista. Afinal havia completado há uma semana, três anos naquela mesma rotina.
Permanece de olhos fechados até que um doce aroma lhe interessa e o solavanco do trem lhe faz abrir os olhos e ao seu lado, ele vê a Primavera que na quinta estação subiu ao trem com um perfume doce e um vestido de chita.
A Primavera que ele buscava ver da janela durante o caminho apareceu desabrochada, estampada, colorida e perfumada ao seu lado e lendo um livro de contos de literatura portuguesa.
Ficou tão maravilhado, que não contou as estações e alheio a tudo desceu do vagão com olhos carregados de fascinio e adeus, duas paradas depois.
Voltou o olhar e acompanhou o trem seguir viagem levando a Primaveira.
conto: Vital Lordelo

Primeiro Andar


                                  Ilustração: Vital Lordelo


É possível escrever a cidade?
Codificar esta massa misturada que habita em mim?
Caminho pelas veias turbulentas e pergunto:
quem mora em quem?
quem é o habitante?
quem é o habitado, ela ou eu?

"São Paulo é cruel", repetem.
Eu estranho, acho tão generosa e voraz.
Esfingíca cartografia.

Não decoro mapas.
Transito cegamente nos subeterrâneos de concreto:
eu sei voar sobre trilhos e surfar em calçadas. 


                                                               texto:  Gabriela Canale 

Brisa

                                   Foto: Gabriela Canale

Lavou todas as roupas e estendeu no varal, aproveitando o Sol do Sábado. 

Colocou Brisa, a alegre companheira na corrente, que por sua vez resmungava a falta de confiança.

Fecha as portas e janelas e vai para a casa da Tia Lara, para o chá da tarde, porém esquece de soltar a cadela.

O tempo fecha durante sua visita, uma chuva se anuncia, dessas que barco seria o melhor transporte nas ruas de Porto Alegre.

Enquanto toma seu chá, pensa na roupa que se encharca no varal e na pobre Brisa, encolhida, ao relento e sozinha naquela tempestade.

Fica impossibilitada de volta pra casa, não existe um taxista que aventure a atravessar a cidade, naquele dia eram cachoeiras que desciam das nuvens.

No dia seguinte entra em casa desesperada e corre para o quintal

Não acreditou na visão que teve, queria matar Brisa, que a olhava com olhos de inocência e balançava seu meio rabo.

Brisa  desenvolveu habilidade na técnica de recolher a roupa do varal,  como também as coloca sempre juntas e lógico, deita em cima.

E não adiantou ter ido para coleira.

A vira-lata, medrosa, arrebentou  a surrada tira de couro no primeiro trovão, estava seca e tinha passado a noite bem aquecida sobre as roupas retiradas do varal.

Vermelho / New York

Foto: Gabriela Canale

Acorda com uma dor de cabeça daquelas em que os sentidos parecem dobrar ao simples toque do telefone.

Levanta e vai ao banheiro apoiando se nas paredes, vê no espelho o reflexo da maquiagem sensual da noite passada, que agora lhe borra a face, deixando aparente sua real beleza.

Molha o rosto e vestida apenas com uma peça de roupa, vai escorada do banheiro a cozinha em busca de água e remédios.

Abre o armário, com uma das mãos apóia se na pia, fica de ponta, com a outra tateia na segunda prateleira, encontra a cartela, retira um, abre a geladeira, que está repleta de nada e uma jarra mineral.

Engole o comprimido e bebe na jarra, que larga não lhe toma toda boca, escorre, molha o corpo, um quase banho, e na tentativa de secar a pele passa uma das mãos, do seio ao abdômen espalha o rastro feito de água, que ainda percorre, seu seio enrijece, a pele arrepia, ao sentir o percurso d’água sobre a pele, agora já na coxa.

E tomada por um sentimento alheio a explicações, relembra toda noite como um filme ao olhar o Vermelho/New York nas unhas.

Volta para cama, a flor da pele, afinal é Domingo.

Étant Donnés

ilustração: Vital Lordelo

Nas pálpebras amargas ele carrega um sorriso furtado na Rua da Praia.
Repousa em frente ao museu, vê o lance de dados das pombas.

Acompanha sempre a mesma pombinha cinza com o olhar.
Às vezes a perde entre os galhos e as disputas de farelo.

Quer a pomba pra si.
Cultiva pacientemente o desejo de tê-la dentro das entranhas.
Quer guardá-la não como ser vivente, mas como rocha que voa.

Petrificado, o menino carrega nas pálpebras a catástrofe que é ser menino sem asas na Rua da Praia. Não saber voar, esta é a penitência diária quando se tem 5 anos.

Xul Solar

XUL SOLAR Y EL NEOCRIOLLO
Oscar Alejandro Agustín Schulz Solari, ou Xul Solar, es uno de los artistas mais radicales de la vanguarda argentina del comienzo del siglo XX. Foi colaborador de ka revista Martin Fierro, al rededor de la qual se aglutinava el grupo ultraísta de Buenos Aires. Fue amigo e interlocutor de Jorge Luis Borges, Macedonio Fernández, Bioy Casares, entre otros. Pero era muy diferente de sus interlocutores. Y nunca se bastou com apenas una forma de arte. Além de la escritura, se ha dedicado a la pintura, ha inbentado nuebos juegos como el pouxadrez, nuebos idiomas como el “Neocriollo” (uma mescla de castellano, guarani y português, la lengua do futuro del sur del kontinente amerikano) y la “Panlingua” (segundo Rita Lenira “um idioma universal com bases numéricas e astrológicas, afim de que todos os povos se conheçam e se comuniquem melhor”). Em Brasil, parece que la obra de Xul Solar comienza a ser valorizada criticamente solamente em esta passagem de milênio, graças a los ensayos pioneiros de Dirce Waltrick do Amarante, Rita Lenira de Freitas y Sérgio Medeiros.

O NEOCRIOLLO DE XUL SOLAR E O MODERNISMO SUL-AMERICANOpor RITA LENIRA DE FREITAS BITTENCOURT
Vertentes modernistas
A premissa principal, que sustenta a nossa pesquisa1 , é a de que a poesia produzida nas décadas iniciais do século XX, na grande maioria dos países sul-americanos, e denominada modernista no Brasil, configura-se como um dos jogos ou cerimoniais de uma guerra simbólica, que se desenvolveu pelo confronto intelectual entre o velho - a cultura dos colonizadores, cujas formas tradicionais vinham, ainda, sendo praticadas e valorizadas - e o novo - a busca e a delimitação de um espaço e de uma estética específicos, em torno de três pontos principais: o redimensionamento da equação nacionalidade/herança cultural; a revitalização da discussão a respeito das relações entre arte ocidental e literatura, e a busca do direito permanente à pesquisa artística.Foi a partir desta “guerra”, portanto, que se produziram e se sustentaram pelo menos dois desdobramentos da dicção moderna, que se definiram a posteriori: um, que caminhou no sentido de acomodar-se a uma proposta institucional e fundar os diferentes Estados Nacionais, e outro, que, por manter-se num espaço de exterioridade, constituiu um tipo poético que denominamos nômade e “sem-terra”, ou, se preferirem, uma “voz transnacional”.

Os poemas e formas visuais, cerimoniais guerreiros com os quais nos defrontamos durante o movimento vanguardista, recorrem, em sua elaboração, a diferentes estratégias bélicas, embora possamos apontar algumas constantes: buscam a liberdade de criação e linguagem, absoluta ou engajada, e pretendem a incorporação do popular e das particularidades locais; num giro em direção às formas de expressão identitárias, que nem sempre correspondem às formas ditas “nacionais”.Como espécies de jogos, por serem atividades livres, circunscritas a limites precisos de espaço e tempo e submetidas a convenções que suspendem a lei ordinária e instauram uma nova ordem que, segundo Roger Caillois2 , estão na base da guerra/festa simbólicas, estas produções artísticas conseguem dar sustentação tanto a uma tendência moderna emergente, quanto a outra, de declínio.A vertente que denominamos “modernista emergente” opta pela utilização das estratégias já citadas da perspectiva de construção das diferentes identidades nacionais, apoiando-se, ficcional e politicamente, na antropofagia oswaldiana e/ou nas diversas pulsões nacionalistas que estão na base da criação dos nossos Estados, ligando explicitamente a vanguarda artística e literária à política revolucionária.

A ela filiam-se a maioria das revistas que circularam na época, por exemplo, Amauta, de 1926, no Peru; Actual e El Machete, ambas de 1924, no México; Repertorio Americano, também de 26, de São José da Costa Rica, além de Klaxon, de 22 e a Revista de Antropofagia, de 28, no Brasil.Por outro lado, a vertente “modernista de declínio”, ou pós-moderna, para a qual, segundo Lyotard, todas as direções possíveis são igualmente prováveis3 , utilizou as mesmas estratégias guerreiras e, de certa forma, ocupou os mesmos espaços, insistindo, no entanto, no ultrapassamento das barreiras simbólicas, e caminhando em direção a uma transnacionalidade essencial, que já não pressupõe mais a “cortesia” de uma guerra primitiva, ou seja, que ignora os limites, excedendo-os sempre, que desrespeita os pactos e que não se acomoda à malha estatal, a ela permanecendo exterior e estranha.2. Xul SolarO artista Oscar Agustín Alejandro Schulz Solari, que se autodenominava Xul Solar, foi, de 24 a 27, colaborador de Martín Fierro, a revista divulgadora do ultraísmo argentino, que optava por um modernismo mais cosmopolita ao denominar-se “un periodico quincenal de arte y critica libre4 ”. Seus trabalhos ocupam uma posição fundamental dentro daquele processo de renovação artística que aglutinava um grupo heterogêneo, cujas produções caracterizavam-se pela irreverência desestabilizadora e descentralizadora.É neste contexto que entendemos a panlingua, um idioma universal criado com bases numéricas e astrológicas, a fim de que todos os povos se conheçam melhor e possam comunicar-se, e o neocriollo, com palavras, sílabas e raízes das línguas dominantes: o castelhano e o português, ambas inventadas por Xul Solar.

Do neocriollo, criado especialmente para o Continente Sul-Americano. Citamos, como exemplo, um fragmento de Poema, publicado em Paris, na revista Imán, em 1931:I so esa ciuda hai otra ciudá’l revés, hosca, oscura i lenta qe vive i crece yuso, i sa gente también. El nadir es hondo, hosco, oscuro, brúmoso : qizás el manmundo, algún gran yermo.Reveo la otra ciudá upa. Columnatas como cienpiés viaján a distrancos. Son discípulos tiesos, llevan maestros cúpulas, de ropaje ancho techue. A tumbos sobre chusma cieli suifeliz, qierrevuelta en bruma i cuágulos i bocetos de pienso : gelatina menti. Van a lejos, a lô vacuo.Aplicando variações lingüísticas que vão do espanhol ao português, passando pelo emprego de prefixos gregos e latinos e por algumas nuances do guarani, os textos em neocriollo atingem um espaço cosmopolita e sem fronteiras, ao contrário do regionalismo, que enfatiza exatamente a língua e a cor restritas e locais.

As primeiras pesquisas dessa língua remontam a 1925 e constituem-se numa resposta ao esvaziamento das formas expressivas, propondo um sistema colaborador e alternativo entre os idiomas e no qual - apenas na dimensão estética - o guarani tem destaque. Por este viés, é uma linguagem que se desenvolve na contramão do genocídio, implementado no século anterior pela Grande Guerra, assegurando a sobrevivência do código não pela sua compreensão ou pela sua incorporação - como queriam os porta-vozes da corrente emergente - mas pela garantia do espaço ao estranho, pela deliberada/dolorida exposição da diferença.No nivel da recepção, Xul Solar aposta na existência de um leitor moderno, com certa autonomia, capaz de estabelecer uma relação de cumplicidade com os poemas e lançar-se - ou não - à aventura de atribuição de sentidos.

E em termos construtivos, aproxima-se de Mallarmè, na busca de uma resistência à banalização da linguagem, e de Joyce, recorrendo aos aspectos lúdicos, criativos e herméticos da linguagem, conforme aponta a pesquisadora Dirce Waltrick do Amarante.5Ironicamente, o poeta Xul dá-se ao luxo de criar línguas novas num momento de construção dos falares nacionais, com a chegada de levas de imigrantes à Argentina e à toda a América, e diante das apostas políticas no processo de construção de um sistema de produção acumulativo e acomodador da linguagem. Sua atitude destoa, também, da realidade econômica, pois aos movimentos de retenção ele contrapõe os de pura despesa, e diante da lógica do capital, ele propõe um gasto desmedido e sem propósitos. Neste sentido, sintoniza-se às vanguardas européias, ligando-se ao colonizador não mais por aquela antiga relação de dependência, e sim por um confronto ostensivo, deflagrado a partir da periferia, que expõe a si mesmo e ao “outro” em perspectiva heterodoxa.É praticamente impossível, na trama neocriolla, identificar até onde vai o plástico e onde começa o lingüístico, e vice-versa, já que, como Paul Klee6 , Xul Solar consegue abalar, também, a combinação hierárquica que vigorou tradicionalmente entre o discuso e a forma.

Veja-se, por exemplo, a aquarela País, de 1925, que constiui-se, na sua própria materialidade, uma criação alternativa, já que a técnica mais acadêmica e tradicional utilizada então era a pintura à óleo.De uma perspectiva espacial, essa aquarela incorpora figuras que navegam no cosmos ou numa zona de indeterminação e abismo e não se apóiam em nenhum plano sólido. Ao mesmo tempo, por exibir as bandeiras dos países das Américas e pelo próprio título, parece indagar sobre o que se entende por “país”, situando a resposta para além das fronteiras geográficas, exasperando os tratados de limites e as marcas de civilizações específicas.Aberta a diferentes leituras, pode indagar, se quisermos, sobre a própria sobrevivência da arte frente às grandes transformações, sobre a posição do intelectual, sua participação e responsabilidades públicas, e sobre a dimensão nacional que importa bens, discursos e práticas simbólicas, tentando articular-se ao regional e ao local. Ou pelo menos eram essas as indagações que seriam feitas nos tempos de Martín Fierro.Localizados, intencionalmente, num espaço “fluido, casi vapor”, textos e formas apontam para a mescla essencial - “Sexpandan, ondulan voceríos de todas las línguas i de muchas otras póssibles.7 ”- na qual se fundem construção lingüística e construção plástica, a arquitetura textual de poemas e línguas estranhas às modernas arquiteturas urbanas trazidas por Xul ao plano visual.Artífice múltiplo, Xul Solar declara, em 1951:“Sou campeão mundial de um jogo que ninguém conhece ainda: o pouxadrez. Sou mestre de uma escritura que ninguém lê ainda. Sou criador de uma técnica, de uma grafia musical que permitirá que o estudo do piano, por exemplo, seja feito em três vezes menos tempo do que se leva hoje. Sou diretor de um teatro que ainda não funciona. Sou o criador de um idioma universal, a panlíngua. Sou criador de doze técnicas pictóricas, algumas de índole surrealista e outras que levam à tela o mundo sensorial e ao ouvido soam como música. Sou, e isto é o que mais me interessa neste momento - além da exposição de pintura que estou preparando - o criador de uma língua que reclama insistentemente o mundo latino-americano.8 ”Felizmente, para nós, não são apenas as regras do Pouxadrez que estão em constante mudança.

A teoria literária, ainda que em ritmo bem mais lento, consegue, às vezes, resgatar da vala comum dos signos relegados, algumas experiências fundamentais. Há nos trabalhos de Xul uma inquietação polimorfa, uma dinâmica desestabilizadora que o situam num ponto singular, dentro e fora das vanguardas, num entre-lugar onde a criação artística escapa da lei comum, da letra da lei.3. O trilíneoNunca antes verbalizada9 , a língua neocriolla de Xul Solar parece alcançar sua melhor elaboração em um poema intitulado Vision sobre el trilineo, publicado em uma efêmera revista, destiempo10 , de 1936, - de apenas três números -, editada por Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares:VISION SOBREL TRILINEOnúo hi hial’diáfano pro empiéöme. el signo, grande ante mí, está claro en xeól umbro; escali trépölo, entón encima fórmesele otro signo igual ke tamién trepö, i hidem idem, i así muitas vezes asta ke cánsömene, ya mui alti.déitöme nel último trilíneo ‘mo en tapíz, i flotö con él. otro tal trilíneo acérkeseme y obsúbölo, i lueg’outro idem idem, etcé., nel mismo umbro núbido gris i brun.luego penveö prum’planos, i calö ke son muros de cubicasas masbién celdas poco postas flotrah sin bam­boleo ni choke, con senda puerta i sendo yogi encérrio en san pose, fen’muerio ho entrançio. pro vov hi mai’más casas, una sobre outra, pero no cofixas: es brun ciudá o gran convento de santoh solos na niebla, hai casa más altas, algunas mui torri con meyor santo encima, o epi flotro en c’lor’halo, i nun hol c’lumi sin muros, kiz’templo, hai otros kiz’más santos fixos en disniveles nel mismo g”ral san pose. trepi vou, casa sobre casa hasta la última, halti, de cuya’zotea ‘mienze pampo bril’gris fen’ ‘tla sin nada ni nadie, i leqi un crepusc’o clar’gris i róseo. izkiér’ notö çerca outra brun casa ke tiénteme, pues está nova i vacía pa yi vive p’ra la san cuidá.mirö yuso transueli, hi so ai gran trozos disrompios de otro tal pampo en umbro solo, pero preferö sube, i upa flotö hasta kentrö ha otro lis’pampo con crespusc’o jaldo: yi volun’fazö casa clar’bruna con cúpulo, porén no obítöla, pues logo resubö ha tercio pampo igual con çircuncrepusc’o blu, i yi volun’fazu bol’casa brun blúa, y yi métöme i san pósöme. kieru estár más upa i volun’suó tal con casa i too, pero en certo nivél párömen fus’blu cielo en pax ke mirö desde nel run, i dehsoltö la casa ke ya tro péseme, ke levi caige globi al suelo, pero tampoco ne bejóröme, pues tro pesö altiakí, i no subó más.entón eu sóltömel hial’cuerpo ke levi caige pa la bol’casa, i upa eu entrö pa otro nochí mundo vasto ke sólo mirö circuncerca. sou ray ástrito entre plicruzío degran hialos i cristales kerer reflexan leqi, ke maneqan luxedros i disrayos’mo lali. esto diure dichi, porén no noicálölo: kiz’ke mi propio brilho yoísto no déxemene.cho’ entón upasóltöme del ástrito i sou sólo unu nugro fus”puntu, i subö pa otro noche solo do no sentö ni caló nada: es mi propio peki nugri ke impídeme crusti.mui viol’puqö i alfín ne resálgöme, ya sin ningún taro ni lembre ni gan’, i sou pur’blis, pues no tenö forma ni limites; ra’ periexpándöme nel cosminoche infinito do too es es puedi, hi too yi chi’ pérdese, i nostro mundo es fen’ despuma i mi exvida sólo una bólhita pre crepi, mui yus’.pero esa tum bolha mui atráigeme desdese mundo, i zás yi fulmicáigöme, ra’ ensártinmen los varios mis cuerpos asta kes yus’ este mundo, re.XUL SOLAR(41,5378)(ésto está en criol, o neocriollo, futur lenguo del Contenente)“GLOSA. Género común (epicoino), palabras ke acaban en o. másculo en u. los géneros disúsanxe según convengan, kier’. Verboh son regulares, participios terminan en -ido, ho -io. entre dos palabras dobletes, español i portugés, la más cercana’l original o más sencilla lleve acepció más simple o más físi, hi más leqa lõ más figúrido. palabras terminan en -i hagan de adjetivo ho adverbio de modo ho, xi precedan, de ablativo ho instrumental, como en patitie-so, ambizurdo; ami, en vez de amorosamente, cuerpi, en vez de corporalmente, almi, en vez de psíqicamente, etcé. su (común), seu, ( másculi), as (fémini) hi suó (neutro ho abstracto de lõ), hagan xu, xeu, xa, xuó, en plurál. j como en port, francés o casi inglés. y o hache al revés es nuestra j fuerte española; h suene siempre o no escríbexe. ~tilde nasal de portugés. g siempre suave. x como sh a la antigua; z como en port. Francés e inglés, s española; ke es h (fonética) antes de otra s. xeól ( da Biblia, hebr.) somundo almi (plano astrál, mundo del soño consciente, mundo dos muertos, etcé.) prum’, de primo, plómada-vertical (mente) fen’, manifiest (amente), en apariencia, como en fenómeno, fenotipo, etc. ‘tla, abrevio de metálico. p’ra de pará, al lado. jaldo, mui amarillo. vol o volun’ por voluntá. faze - to make, hage - to do. porém, pero, sin embargo. logo, pronto; luego, poco después. fus’, abrev. de fusco, oscuro, confuso. blu, azul ciánico, cuasi de prusia. bol, de bola, esférico eu, yo almi, más que yo mundi; ego, yo superior. edro, geomplano (geometri ), como en pliedro. cho, de choz (port. chofre) de repente, de golpe. blis (inglés), beatitud, bienaventuranza. bolha, o bolla, burbuja. crep’, de “reventar”, explotar, precepi antes de reventar. tum o tun, de tun o tunc, entón’ (lat.) provisorio, temporario.(esta glosa, más longa ke as pretexto, puede mui sirve pa crioldríl (ejercitarse en criol).”X.SEm nossos dias, diante das necessárias e importantes revisões do moderno/modernismo, das experiências neo-pop-pós-concretas e das re-leituras de ícones da pós modernidade como Joyce e Cage, torna-se cada vez mais nítida a visão de uma enorme e perturbadora constelação Solar.Notas1 As possibilidades de desenvolver este trabalho devem-se, em boa parte, ao professor dr. Raúl Antello, da Universidade Federal de Santa Catarina, que orientou o meu trabalho final de Mestrado e que empenhou-se, pessoalmente, durante três anos, na busca de textos de Xul Solar, inéditos ou “esquecidos” em revistas argentinas ou européias.2 CAILLOIS, Roger. “A Guerra Cortês”. In: Anhembi, no. 31 São Paulo, junho, 1953.3 LYOTARD, Jean-François. O pós-moderno. Trad. Ricardo Corrêa Barbosa.2a. ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1986.4 Xul Solar, Jorge Luis Borges e Pettorutti retornam para a Argentina em 1924. Participam, juntos, de projetos culturais como as Revistas Martín Fierro e destiempo, que reuniam a sua volta outros intelectuais da vanguarda portenha. Este grupo, conhecido como Florida, opunha-se ao Grupo de Boedo, de tendências esquerdistas e com uma visão mais social da arte. O slogan da revista expressa, então, este antagonismo que, na verdade, não tinha muita consistência. Segundo Borges, tratava-se apenas de uma “brincadeira literária”.5 Cfe. comunicação “James Joyce e Xul Solar: uma mescla de línguas” apresentada no encontro de poetas do Mercosul “Poetas en la Bahía”, em 10/06/2000, na cidade de Assunción, Paraguai, pela psquisadora Dirce Waltrick do Amarante.6 No artigo El arte paralelo de Paul Klee y Xul Solar, Jorge Glusberg aponta algumas afinidades entre as pinturas de ambos os artistas e informa que Xul Solar residiu em Munique, de 1921 a 1922, onde, provavelmente, travou conhecimento mais intenso com as obras do pintor alemão, que, na época, era professor da Bauhaus e residia em Weimar.7 Cfe. Xul Solar, Poema. Revista Imán, editada em Paris por Elvira de Alvear, 1931.8 Cfe. Gregory Sheerwood, Xul Solar, campeón mundial de panajedrez y el inquieto creador de la “panlíngua”, entrevista em Mundo Argentino, Buenos Aires, 01/08/1951. Tradução de Mário H. Gradowczyk.9 Empreendemos, tanto no encontro de poetas do Mercosul, em Assunción, quanto no evento intitulado Bloomsday, realizado em São Paulo, em 16/06/2000, uma leitura parcial de Visión sobrel trilíneo, de Xul Solar. Participaram de ambas os alunos da disciplina “A Música e a Poesia de John Cage” do Prof. Dr. Sérgio Medeiros, do Curso de Letras da UFSC. 10 Agradecemos a cessão deste texto de Xul Solar à colecionadora Marion Helft, de Buenos Aires.
Fonte: AYVU AYVU

poeta, ilustrador e dramaturgo português Almada Negreiros (1893-1970)

"El Alma de Almada El Impar" em Madrid

A Bedeteca de Lisboa, equipamento cultural da Câmara Municipal de Lisboa, produziu uma exposição sobre a obra gráfica de Almada Negreiros em parceria com o Instituto Cervantes de Lisboa e comissariada por Luís Manuel Gaspar e João Paulo Cotrim. Inaugurada a 7 Abril, data do 111º aniversário de Almada Negreiros, na Galeria do Palácio Galveias, esteve patente ao público até 16 de Maio.Esta exposição, intitulada «El alma de Almada el impar: Almada Negreiros obra gráfica 1926-1931», apresenta ao público a obra gráfica de Almada Negreiros, nomeadamente a realizada durante o “período espanhol”, época em que o artista residiu em Madrid, para os periódicos ABC, Blanco y Negro, Gaceta Literária, La Esfera e Nuevo Mundo. Estes três últimos títulos apresentam a intensa colaboração com o escritor Ramon Gomez de la Serna. Inclui ainda ilustrações realizadas nesse período para os periódicos portugueses Ilustração Portugueza, Ilustração e Magazine Bertrand e as bandas desenhadas realizadas para o Sempre Fixe e para a publicação espanhola El Sol.

Para a exposição foram editados o catálogo «El alma de Almada el impar», com textos de João Paulo Cotrim e cronologia de Luís Manuel Gaspar, comissários da exposição, e uma co-edição Assírio & Alvim / Bedeteca, fac-similada e bilingue intitulada «Marginálias», das crónicas de Ramón Gomez de la Serna ilustradas por Almada Negreiros para os periódicos Nuevo Mundo e La Esfera, com textos de Juan Manuel Bonet e de Fernando Cabral Martins. Foi ainda editado o nº 8 do Boletim Ramon, publicação literária dirigida por Juan Carlos Albert, número inteiramente dedicado à exposição e coordenado por Juan Carlos Albert, João Paulo Cotrim e Luís Manuel Gaspar. No âmbito da programação realizou-se uma conferência por Juan Manuel Bonet, director do Centro de Artes Reina Sofia e a apresentação da peça sobre o universo ficcional de Gomez de la Serna, Hasta que la boda nos separe, da autoria de Roberto Lumbrelas Blanco, pela companhia espanhola Barataria Teatro.

A exposição teve grande sucesso junto de público e dos meios de comunicação social. Sendo esta exposição referente ao período em que Almada Negreiros residiu e trabalhou em Madrid considerou-se do maior interesse a sua apresentação em Espanha nomeadamente em Madrid. Esta iniciativa foi acolhida com muito interesse pelo Embaixada de Portugal em Madrid tendo contactado o Museu da Cidade de Madrid neste sentido. Foi assim acordada a apresentação da exposição para este mês de Setembro. Igualmente a embaixada obteve o patrocínio financeiro da Caja Duero.No âmbito desta iniciativa será editada uma brochura que contem os textos do catálogo. A exposição inaugura oficialmente amanhã com a presença do Embaixador de Portugal e a Conselheira das Artes e Cultura da Câmara Municipal de Madrid.

Babilaques Alguns Cristais Clivados - Waly Salomão


Descobri o poeta, letrista e produtor cultural baiano Waly Salomão (1943-2003) em um domingo de coincidências. Lendo Finalidades sem fim - ensaios sobre poesia e arte, de Antônio Cícero, encontrei referências para cruzamentos muito interessantes da poesia e da imagem. Depois cai no site do SESC Pinheiros, onde está a exposição Babilaques Alguns Cristais Clivados, de Waly.

Voei para um táxi e desembarquei em frente ao "Alfa Alfavela Ville", letras de um poema feitas em madeira na década de 70 pelos artistas plásticos Oscar Ramos e Luciano Figueiredo. Luciano é o curador da exposição do SESC. Fiquei sem fôlego. Ousado demais. Antropofágico demais.

BABILAQUES é uma série produzida por Waly nos anos 70, entre Rio, Salvador e Nova York. Composta por 90 fotografias de seus cadernos de criação. Esses eram abertos em uma certa página escolhida pelo artista e fotografados em diversos ambientes inusitados, também determinados pelo poeta.
Quando: das 13h às 22h; sáb., dom. e feriados, das 10h às 19h; até 5/10
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, Pinheiros, São Paulo, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: grátis
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos
Sugestões também no SESC Pinheiros:
Dessintetizador e Babilaques: Pequeno Paralelo
Dia 24/09, quarta, às 20h. Encontro com o compositor Tom Zé, que lê e comenta poemas do escritor Waly Salomão.
Jards Macalé - Real Grandeza
27/09, 28/09 - sábado, às 21h e Domingo, às 18h. O compositor interpreta clássicos de Waly Salomão, com participação especial de Adriana Calcanhotto e Luiz Melodia.
Dessintetizador e Babilaques: Pequeno Paralelo
17/09, quarta, às 20h30. Performance artística com instalação sonora de paralelos entre a obra do grupo Gem e a do poeta Waly Salomão.

Publicação do Ciberpesquisa - Centro de Estudos e Pesquisas em Cibercultura

de Raquel Ritter Longhi
Resumo: Retomando o conceito de Intermedia, introduzido por Dick Higgins na década de 60, procuro estabelecer parâmetros para se categorizar as criações poéticas que se dão nos meios digitais. Tais criações, ainda, operam sob a lógica da “Remediação”, como mostram Bolter e Grusin (1999), uma remodelação de meios que resulta em novas formas de representação. Neste momento do desenvolvimento dos meios e das poéticas digitais, ainda não contamos com denominações apropriadas para o resultado destes processos criativos. O conceito de Intermedia, instituído por Higgins, dá conta de definir as obras criadas a partir da fusão conceitual de meios anteriores a elas; a teoria da Remediação colabora para uma melhor compreensão desta fusão. Para ilustrar, analiso brevemente a obra Seedsigns for Philadelpho, de Miekal e Allegra Fi Wakest, disponível na WWW.
Clique aqui para ler na íntegra: LINK: http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/404nOtF0und

Fernando Aguiar


Fernando Aguiar nasceu em Lisboa, em 1956.Desde 1972 que se dedica à poesia experimental e visualutilizando os mais diversos suportes. Publicou 18 livros, Realizou 31 exposições individuais e participou em cerca de 430 exposições colectivas. Desde 1983 apresentou mais de 100 performances poéticas em vários países europeus, Canadá, México, Brasil, U.S.A., Japão, Colômbia e em Cuba.Organizou diversas exposições e Festivais de Poesia e dePerformance em Portugal, Itália, França e no Brasil.Principais livros:- “O DEDO”, ed. Autor, Lisboa, 1981.- “REDE DE CANALIZAÇÃO”, ed. Câmara Municipal de Almada, 1987.- “MINIMAL POEMS”, ed. Experimentelle poetry, Siegen, Alemanha, 1994.- “OS OLHOS QUE O NOSSO OLHAR NÃO VÊ”, ed. Associação Poesia Viva, Lisboa, 1999.- “A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS”, ed. Associação Poesia Viva, Lisboa, 2001
fonte: http://www.triplov.com/poesia/fernando_aguiar/index.htm